sexta-feira, 10 de abril de 2015

Ainda sobre a crise da Educação moçambicana: o que não está sendo dito nos debates?


Um relatório recente do Banco Mundial - o novo senhor da Educação para a periferia do capitalismo ou o Ministério Mundial da Educação - que aponta para o fraco desempenho dos professores moçambicanos como uma das evidencias da fraca qualidade da Educação moçambicana foi o mote para os acesos debates sobre o que eu tenho chamado de crise da Educação pública moçambicana. Uma crise multifacetada que se resume em não atender ao preceituado na Conferência de Jointiern de 1990: a satisfação das necessidades básicas de aprendizagem. Ao não atender a esse preceito, o Estado moçamibicano, atraves da Educação pública, viola grosseiramente o direito humano à Educação que é parte fundamental dos direitos Humanos, como se pode ler no artigo 26 da Declaracao Universal dos direitos Humanos.
No meio da confusão que se instalou que, na verdade, é o corrolário das Políticas educacionais elaboradas e implementadas desde o início da década de 90 no contexto do ajuste neoliberal, procuram-se culpados. E o dedo aponta numa única direcção: o professor, tal como reclamou criticamente o meu colega, o Benedito Sapane.
Nao meus senhores! O professor e o Estudante da Escola pública ambos são vítimas do sistema e das Políticas neoliberais que vem sendo implentadas em Moçambique desde o início da década 90, levando a Educação pública a várias lacunas, algumas das quais denunciadas por Brazao Mazula em 2001, no texto "desafios e lacunas da Educação moçambicana" capítulo do livro"a construçao da democracia em África. O caso moçambicano".
É de lembrar que é política do Banco Mundial a priorização do livro didático em detrimento de uma sólida formação inicial do professor. É do mesmo Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional a recomendação de um teto salarial para o professor como garantia de solvencia para o pagamento do serviço da divida, como denunciou a AtionAid em 2007.
A privatização do público, segundo o entendimento da necessidade de minimizar o Estado e da maior eficácia do privado, é tambem outra face da política neoliberal implentada pelo Banco na periferia do capitalismo. Para o Banco, as consequências nefastas de suas Políticas não são de sua responsabilidade e que o aumento da pobreza é um efeito colateral de curta duração.
Hoje vinvenciamos a "pobreza cognitiva" de milhões de moçambicanos oriundos das escolas Públicas. É contra a Escola pública que sao dirigidas as criticas sobre a falta qualidade de Educação mocambicana e não a toda Educação.
Nao entendo o facto desses críticos não serem claros nos seus posicionentos que, subtil e indirectamente, defendem o projecto neoliberal de uma Educação privada e de qualidade em contraposiçãoo a uma educacao publica sucateada e de baixa qualidade. É na Escola publica onde estao os filhos dos trabalhadores, estes que vivem do seu trabalho e dos quais a elite procura se apartar, criando uma Escola desigual. É o velho truque da burguesia.
Sou, por isso, por uma Escola e Educação pública única, igual e com qualidade social que permita a todo moçambicano a sua respectiva actualização cultural, atraves da apropriação do património cultural da humanidade.
Devemos, portanto, discutir a viabilidade de um projecto para uma Escola publica, única e igual para todos. Por onde começar no meio a crise que já prejudicou uma geração com tendência a pandemia?
Por todos os lados, desde que investir na Educação seja a prioridade. As mais valias, por exemplo, seriam de grande utilidade nesse projecto que defendo.

Nenhum comentário: