domingo, 12 de abril de 2015

Descaso para com a educaçao pública?



"O homem é o que é pela a educação. Mutilar a Educação é mutilar o Homem". ( Immanuel Kant).
A satisfação das necessidades básicas de aprendizagem foi a meta definida na Conferencia de Jointern como um dos indicadores do gozo efectivo do Direito a educação. Para isso, alem de outros factores, as condições de aprendizagem são de vital importância. Ora, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano  de Moçambique, através da Secretaria Permanente, disse, ontem, sábado, dia 11 de Abril, que  existe um deficit, no pais, em termos de carteiras, na ordem de 800.000(oito centos mil).
Questiono:
1. O que  Ministério andou a fazer a ponto de chegar ao déficit de 800.000 carteiras?
2.  Não é evidência do descaso para com a Educação pública? E o professor é o culpado por esse descaso?
3.  Como garantir uma efectiva aprendizagem, num ambiente em que estudar é um sacrufício e não um prazer?

 

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Ainda sobre a crise da Educação moçambicana: o que não está sendo dito nos debates?


Um relatório recente do Banco Mundial - o novo senhor da Educação para a periferia do capitalismo ou o Ministério Mundial da Educação - que aponta para o fraco desempenho dos professores moçambicanos como uma das evidencias da fraca qualidade da Educação moçambicana foi o mote para os acesos debates sobre o que eu tenho chamado de crise da Educação pública moçambicana. Uma crise multifacetada que se resume em não atender ao preceituado na Conferência de Jointiern de 1990: a satisfação das necessidades básicas de aprendizagem. Ao não atender a esse preceito, o Estado moçamibicano, atraves da Educação pública, viola grosseiramente o direito humano à Educação que é parte fundamental dos direitos Humanos, como se pode ler no artigo 26 da Declaracao Universal dos direitos Humanos.
No meio da confusão que se instalou que, na verdade, é o corrolário das Políticas educacionais elaboradas e implementadas desde o início da década de 90 no contexto do ajuste neoliberal, procuram-se culpados. E o dedo aponta numa única direcção: o professor, tal como reclamou criticamente o meu colega, o Benedito Sapane.
Nao meus senhores! O professor e o Estudante da Escola pública ambos são vítimas do sistema e das Políticas neoliberais que vem sendo implentadas em Moçambique desde o início da década 90, levando a Educação pública a várias lacunas, algumas das quais denunciadas por Brazao Mazula em 2001, no texto "desafios e lacunas da Educação moçambicana" capítulo do livro"a construçao da democracia em África. O caso moçambicano".
É de lembrar que é política do Banco Mundial a priorização do livro didático em detrimento de uma sólida formação inicial do professor. É do mesmo Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional a recomendação de um teto salarial para o professor como garantia de solvencia para o pagamento do serviço da divida, como denunciou a AtionAid em 2007.
A privatização do público, segundo o entendimento da necessidade de minimizar o Estado e da maior eficácia do privado, é tambem outra face da política neoliberal implentada pelo Banco na periferia do capitalismo. Para o Banco, as consequências nefastas de suas Políticas não são de sua responsabilidade e que o aumento da pobreza é um efeito colateral de curta duração.
Hoje vinvenciamos a "pobreza cognitiva" de milhões de moçambicanos oriundos das escolas Públicas. É contra a Escola pública que sao dirigidas as criticas sobre a falta qualidade de Educação mocambicana e não a toda Educação.
Nao entendo o facto desses críticos não serem claros nos seus posicionentos que, subtil e indirectamente, defendem o projecto neoliberal de uma Educação privada e de qualidade em contraposiçãoo a uma educacao publica sucateada e de baixa qualidade. É na Escola publica onde estao os filhos dos trabalhadores, estes que vivem do seu trabalho e dos quais a elite procura se apartar, criando uma Escola desigual. É o velho truque da burguesia.
Sou, por isso, por uma Escola e Educação pública única, igual e com qualidade social que permita a todo moçambicano a sua respectiva actualização cultural, atraves da apropriação do património cultural da humanidade.
Devemos, portanto, discutir a viabilidade de um projecto para uma Escola publica, única e igual para todos. Por onde começar no meio a crise que já prejudicou uma geração com tendência a pandemia?
Por todos os lados, desde que investir na Educação seja a prioridade. As mais valias, por exemplo, seriam de grande utilidade nesse projecto que defendo.